sexta-feira, 31 de maio de 2013

A balança da motivação policial

Autor: Danillo Ferreira
 
Existem vários discursos em relação à doação que cada policial deve admitir em relação ao trabalho. A depender da carreira policial de cada indivíduo, dos grupos a que pertence, da atividade que desempenha, sua motivação pode chegar ao máximo desejado até o total desprezo às necessidades corporativas.
Observando estas variações, surge a necessidade de refletir sobre alguns pontos:

A desmotivação conveniente
Conheço policiais que praticamente não enxergam algo de positivo na organização que trabalham. Mesmo a mais bem intencionada e beneficente medida que seus chefes adotam servem ao achincalhamento e negativação. Com esta rechaça a tudo que é institucional, justificam para si mesmos a desídia em sua atuação: omitem-se, escondem-se e até desfazem dos propósitos profissionais.
Ao que parece, muitas distorções costumam se assentar em ambientes onde a ignorância a certas regras se faz comum. Com isto quero dizer que tomar como errôneos certos mandamentos institucionais como se fossem uma condenação a todas as suas práticas é justamente fazer crescer o que é digno de repulsa. Pressupor negativamente algo ou alguém é condená-lo previamente ao negativo, hábito bem conveniente aos preguiçosos.
A motivação perigosa
Por outro lado, há certas motivações que devem ser cuidadosamente esmiuçadas. Primeiro, a motivação acrítica, que ignora as implicações e complicações que podem ocorrer após o ímpeto de fazer o certo. Se é absurdo viver em estado de paralisia institucional, é perigoso tornar-se o “bom soldado”, que executa ordens irrefletidamente, sem entender as variáveis no contexto em que a missão deve ser cumprida.
Do mesmo modo, é bem possível que, mal intencionadamente, alguém queira fazer do policial mera massa de manobra, expondo a vida do sujeito a complicações. Há muita gente que manda sem ter capacidade, coragem e ingenuidade de cumprir tal ordem.
A balança motivacional
Cremos que é possível um meio termo entre esses extremos, situado entre a completa omissão e pessimismo sobre as possibilidades profissionais e a adesão inconsciente a práticas que podem ser trágicas para o indivíduo e a própria instituição.
Uma pergunta poderia ser feita por todos os policiais: o que eu poderia fazer de melhor profissionalmente, orientando a organização em que trabalho para algo positivo? O que eu deveria deixar de fazer, dado que esta prática tem efeitos perversos para a polícia e a sociedade? Sempre há uma boa resposta a ser dada…

Autor: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA.

fonte:http://abordagempolicial.com/2012/10/a-balanca-da-motivacao-policial/

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Estupro e Atentado Violento ao Pudor


O Programa Nacional de Direitos Humanos defende que o crime de estupro é uma violência contra a integridade física da mulher Diane Wilson afirma: “ Às vezes é preferível resistir ao estuprador mas não em todos os casos. Cabe somente a mulher tomar esta decisão”; e explica:
...aprendi que a maior parte das vezes que as mulheres lutam quando são atacadas de surpresa, não lhes serve de nada, inclusive pode ser pior porque desperta a hostilidade do agressor, a não ser, está claro, que a mulher conheça os lugares
vulneráveis e saiba aplicar os golpes adequados com as mãos e os pés nos lugares onde mais dói...Assim, se ela é capaz de atuar rapidamente, tem claramente as idéias do que fazer e sabe dar seus golpes com precisão, neste caso seria útil lutar.


Perfil do estuprador em potencial
• Abusa emocionalmente de você, insultando-a, ignorando suas opiniões, ou ficando irado ou aborrecido quando você dá uma sugestão.
• Tenta controlar certos aspectos de sua vida, como sua maneira de vestir e seus amigos. Quer tomar todas as decisões num encontro, como onde comer e a que filme assistir.
• Fica enciumado sem motivo.
• Menospreza as mulheres de modo geral.
• Intimida-a.
• Não consegue lidar com a frustração sem ficar com raiva.
• Não a encara de igual para igual.
Em 1997 foram realizados no IML do Distrito Federal 841 exames de conjunção carnal, sendo que em 530 casos havia história de possível estupro e em 40 casos história de possível estupro presumido. Destes, foi confirmada a ocorrência de conjunção carnal compatível com a data do fato em 212 casos de estupro e 19 casos de estupro presumido, através de exame clínico e ginecológico e/ou exame citológico em material colhido do canal vaginal para pesquisa de espermatozóides.
Horário do Fato - No período diurno ocorreram 22% dos casos e no período noturno 78% do total, havendo uma maior concentração entre as 19 e às 23 horas, com 49,75% dos casos registrados. Estes achados são semelhantes aos encontrados nos Estados Unidos, onde 2/ ocorreram entre as 18 horas até as 06:30 horas, sendo que 43,4% ocorreram entre as 18 e 24 horas, 33% entre as 06 e 18 horas e 23,6% entre 0 e 06 horas.
Local do Fato - A via pública foi o local mais utilizado para a prática do estupro. Dentre os casos ocorridos em via pública, em 29,2% (33 casos) a vítima foi abordada na parada de ônibus ou próximo a ela. Nos casos ocorridos em residência, 21 (67,7%) foram na casa da vítima e 10 (32,3%) na casa do autor. Os dados relatados pelo Bureau of Justice Statistics (EUA) são diferentes: 60% dos casos ocorreram em residência, da vítima (37,4%) ou de um amigo, conhecido ou vizinho (19,2%).
Relacionamento entre o Autor e a Vítima - Na maioria dos casos o autor era desconhecido, mas em quase 1/3 dos casos tratava-se de um conhecido ou parente da vítima. Este é um dado que apresenta grandes variações, em função do tipo de sociedade em que vivem as vítimas e autores. Nos Estados Unidos, em fevereiro de 1997, os dados mostraram que em ¾ dos casos o agressor não foi um desconhecido, chegando a 90% nas crianças menores de 12 anos e em 2/3 das vítimas entre 18 a 29 anos (1). Em Nairóbi, Quênia, 73,4% dos agressores eram desconhecidos das vítimas.
Meios Empregados para a Violência – A contenção física foi o único meio empregado em 44% das vezes. A surpresa, a ameaça de um mal maior e o emprego da violência física caracterizam esta modalidade de ação. Estatística dos estados
do Alabama, Carolina do Sul e Dakota do Norte registraram o uso de armas em 12% dos casos, sendo 5% arma de fogo e 7% arma branca. Em 80% dos casos houve apenas o emprego da força física.
Fizeram uso de armas: desconhecido em 76 casos (89%) e conhecidos em 9 casos (11%). Não há relato do uso de armas por parentes. Nas estatísticas americanas, os desconhecidos fizeram uso de armas 5 vezes mais que os familiares.
Apesar de verdadeiro e constante, a resistência contudo não precisa ser heróica (como o caso da italiana Santa Maria Goretti, que tendo resistido aos assédios sexuais, foi esfaqueada no
início deste século, vindo a falecer e sendo canonizada santa). O direito não exige heroísmo Vestígios de violência física foram detectados, na nossa casuística, em 36% dos casos. Nos Estados Unidos, as estatísticas mostraram que cerca de 40% das
vítimas sofreram uma lesão colateral, sendo que em 5% a lesão foi de maior gravidade.
Estupro e roubo das vítimas esteve associado em 48 casos (21%). Nestes casos houve um maior grau de violência na prática dos delitos, caracterizado por maior incidência de violência física, do emprego de armas, maior número de agressores, e da prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal.


fonte:Manual de Segurança Comunitária.PM.PR