quinta-feira, 12 de março de 2015

8 formas práticas de fazer Policiamento Comunitário



No Brasil, falar de policiamento comunitário é ser entendido como leniente e pouco apto a agir repressivamente no trabalho policial. O senso comum, que desconsidera os elementos necessários para a atuação policial eficiente, não percebe a centralidade estratégica de ter policiais parceiros da comunidade.

Ignoram que informação é o insumo básico de uma polícia competente, e que só há dois meios legais de obtê-la: através de ações de Inteligência e/ou da atuação policial aproximada, essa sim, a grande fonte de dados qualificados para que o policial possa prevenir o cometimento de ilícitos ou reprimi-los com qualidade e menor risco.

Quando os policiais estão bem informados e situados em sua área de responsabilidade, têm maior capacidade de exercer seu ofício, e não agem apenas reativamente, sob a demanda do serviço de chamados, o famoso “190”.

“Falar de policiamento comunitário é falar de ações policiais inteligentes, eficientes e qualificadas”

Se você é policial e não age somente quando a central de operações determina, provavelmente obteve informações qualificadas para prevenir ou reprimir ilícitos. Como se vê, falar de policiamento comunitário é falar de ações policiais inteligentes, eficientes e qualificadas.

Neste artigo, vou sugerir 8 formas práticas de fazer Policiamento Comunitário, fazendo com que o policial, em vez de atuar desnorteado, tenha elementos concretos colhidos na própria comunidade para desenvolver melhor seu trabalho.

#1. Pergunte como vai a segurança local

Como já disse, informação é fundamental para policiar bem. Uma simples pergunta é o primeiro passo para um relacionamento profícuo com a comunidade.

Nada custa ao policial, durante o serviço, parar a viatura e indagar sobre os problemas que o cidadão percebe em sua região. No início, pode haver alguma reserva ou estranhamento, mas a continuidade gerará confiança e informações cada vez mais preciosas para o policial.

#2. Seja acessível

Além de ter a iniciativa de ir ao encontro do cidadão, é importante que o policial esteja acessível. Rondar por horas seguidas na viatura sem se mostrar à comunidade é um desperdício de contatos produtivos.

Um simples “bom dia” ou aceno já é uma demonstração de que o policial está aberto ao diálogo. Quanto mais se aprofunda o relacionamento, mais meios de disponibilidade podem existir (muitos policiais até trocam telefone com membros da comunidade para obter informações sobre a segurança local).

#3. Identifique e reúna as lideranças

Muitas lideranças comunitárias sequer percebem que têm esse papel. Comerciantes, organizadores de eventos, professores, agentes de saúde etc. O policial pode ter função fundamental para reconhecer essas lideranças e orientá-las a agir em prol da segurança da comunidade (mediando conflitos e indicando pontos vulneráveis na segurança).

Além disso, o policial pode fazer com que essas lideranças se complementem em suas atuações comunitárias. Quando lideranças interagem a comunidade começa a encontrar força para realizar mudanças sociais.

#4. Ensine algo à comunidade

Quando o policial já está em contato com a comunidade essa sintonia pode ser aprofundada de diversas formas. Uma delas é se dispondo a ensinar algo à comunidade, lhe posicionando como uma referência de preocupação com o bem comum.

O que ensinar? Dicas de segurança para quando os moradores forem viajar. Como evitar roubos em terminais bancários. Como os pais podem perceber que seus filhos estão sofrendo alguma violência. Se quiser, ensine conhecimentos mais particulares (artes marciais, música etc).

#5. Aprenda algo com a comunidade

Ao considerar a cultura e a forma de viver da comunidade você tem mais elementos para atuar com qualidade. Que tal organizar oficinas e minicursos ministrados por integrantes da própria comunidade?

Esse pode ser um passo importante para entender as dinâmicas vigentes em sua área de atuação, conquistando confiança e legitimidade.

“Atuando comunitariamente o policial garante acesso ao mapa da segurança pública em uma região. Quem rechaça esse conceito está à deriva”
#6. Estabeleça pontes

O policial é uma referência para solicitar medidas das diversas instâncias públicas e dos demais integrantes da comunidade. Alguns problemas básicos (como a troca da lâmpada de um poste, por exemplo) às vezes só depende da intervenção de alguém que possa falar pela comunidade.

Caso o policial não se sinta à vontade para isso, ele pode provocar essas iniciativas através de outras lideranças. O importante é atuar como mediador visando a prevenção à violência.

#7. Preserve os laços

Todo o esforço para manter laços significativos com a comunidade será em vão caso o policial cometa ilegalidades, arbitrariedades e abusos.

A retidão é pressuposto básico para obter um relacionamento profícuo (em qualquer contexto). Sem isso, não espere receber informações, ajuda e orientações de qualidade.

#8. Pratique lealdade e imparcialidade

No momento de aplicar a lei, não seja parcial. Isso pode minar a confiabilidade da comunidade em seu trabalho. Não precisa ter receio em ser rígido de acordo com o que está legalmente posto.

Antes de tudo, o policial é um agente público, e não pode se arriscar com a parcialidade – que é sinônimo de desconfiança por parte de quem é prejudicado. Como disse Motesquieu: “A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos”.

Concluindo…

Percebam que estas práticas não custam nada para o policial ou para a Instituição. Mesmo que não haja apoio corporativo para agir conforme essas sugestões, é plenamente possível que o policial, individualmente, o faça.

A vantagem é ter melhores informações para atuar, inclusive repressivamente. Atuando comunitariamente o policial garante acesso ao mapa da segurança pública em uma região. Quem rechaça esse conceito está à deriva.

fonte:http://abordagempolicial.com/2015/03/como-fazer-policiamento-comunitario/